sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O novo estádio

Em 2001, em torno de setembro, recebi (como Presidente do clube) uma proposta para que o Internacional construísse um novo estádio.

Estudamos o primeiro contato e nos manifestamos dizendo que, como estávamos no final do mandato, nos limitaríamos a levar ao Conselho Deliberativo, desde que a proposta contemplasse dois pontos básicos:

  1. A Demolição do estádio Beira-Rio só teria início após a conclusão do novo estádio (a idéia era a construção na mesma área do Beira-Rio);
  2. A construção do novo estádio só teria início após a conclusão do centro de treinamento que seria projetado pelo clube e construído sem ônus para o Internacional.

Aceitas estas condições, pedi que os proponentes viessem à Porto Alegre apresentar à líderes do Conselho Deliberativo a proposta para que analisássemos a viabilidade de apresentação da proposta.

Convidei, na véspera, diversos líderes do Conselho para reunião no Beira-Rio, no dia seguinte 8:00h, para tratar de assunto de interesse do clube. Por questão estratégica não disse o assunto. E pedi que a reunião não tivesse divulgação.

Acredito que todos convidados foram à reunião.

Quando cheguei ao Beira-Rio a imprensa estava presente e me perguntavam se eu buscava um "acordo" para as eleição que se aproximava.

Feita a apresentação, fizemos uma entrevista coletiva para explicar a razão da reunião.

A primeira pergunta foi sobre a razão pela qual eu queria "destruir" o Beira-Rio.
Expliquei que a idéia era de construção e não de destruição...

As manifestações políticas que se seguiram, em minha leitura, inviabilizaram que o clube levasse adiante nas décadas seguintes aquele encaminhamento.
Mas tenho certeza que cumpri o meu dever na condição de Presidente.

Continuo acreditando que a necessidade dos dias de hoje de um estádio que gere receita o ano todo (e não apenas em dias de jogo) necessita a construção de um novo estádio.  Esta convicção está baseada em:
  • As alterações arquitetônicas necessárias, para este foco, são muito importantes e, certamente, implicariam em custo extraordinário para alterar uma estrutura que não foi concebida para este fim, há 50 anos!
  • As necessidades de manutenção da atual estrutura são consideráveis;
  • O clube não tem nenhuma obrigação ou necessidade de alinhar sua estratégia com a realização da Copa do Mundo.
  • A construção de um novo estádio pode trazer como ganho adicional a presença de um parceiro que administre a operação do estádio e a geração de receita para qual esta estrutura seria projetada, liberando o clube desta atividade que está longe de ser sua atividade fim. Para isto o Internacional jamais abriria mão de parcela considerável desta receita que seria muito maior do que a que existe hoje.
Fernando Miranda

Matéria da época enviada pelo meu amigo Tiago Issa

15 comentários:

  1. Miranda, creio que o comentário que fiz no post anterior deve ter sido extraviado. Por isso, refaço aqui.

    Parabéns pela iniciativa e estou à disposição para colaborar com o que estiver ao meu alcance.

    Um grande abraço, Eduardo Lima Silva

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  2. Bah, sábias palavras. Existe imenso potencial comercial a ser explorado no estádio, em sua estrutura, lojas. Imenso mesmo. Um clube é movido pela paixão de seus torcedores. Basta olhar para o que essa torcida foi capaz recentemente, colocando 10.000 pessoas do outro lado do mundo para torcer em uma copa. Imagina o que fariam se tivessem no beira rio um local de lazer o ano inteiro? E lazer não se resume a um museu, umas lojinhas e alguns botecos na volta. Falo de diversas lojas, restaurantes, estruturas de lazer e jogos. Tudo isso sabiamente administrado por terceiros, especialistas naqueles negócios. Enfim.


    Não sei se o blog é escrito pelo proprio Fernando Miranda, mas as ideias aqui presentes lembram aquele que foi um dos maiores responsáveis pelo inter vencedor dos anos 2000, preparando uma base sólida para ser mantida futuramente. Ganhou um leitor.

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  3. Roberto:

    Provavelmente não nos conhecemos.
    O que justifica pensares que eu poderia apenas assinar o texto.

    Se me conhecesse saberia que se assino, é porque escrevo, ou no máximo recebi a colaboração de alguém.

    Abraço,

    Miranda

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  4. Miranda,

    Aqui uma reportagem da época: http://www.clicrbs.com.br/esportes/rs/noticias/futebol-inter,82770,Empresa-quer-fazer-novo-estadio-para-o-colorado.html

    Abraço.

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  5. Depois dessa proposta, foram anos e anos dizendo que não precisavam de parceiros para fazer Estádio. Puro ranço.

    10 anos depois...

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  6. Miranda,

    conta também da idéia de INTER e gremio utilizarem o mesmo estádio... e da tua relação com o Guerreiro que na época era presidente deles...

    todos nós colorados que acompanhamos o crescimento o clube sabemos que tu foi umas das pessoas que fizeram o que ele é hoje!

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  7. Miranda.

    Parabéns pela iniciativa.
    Eu, como jovem estudante de administração sempre pensei que o Inter deve trabalhar visando o clube, a longo prazo, com ideias definidas(mas não definitivas)e sem ações instintivas quando algumas derrotas acontecem.

    Obrigado por tudo que você já fez pelo nosso Inter. Pena que nem todos reconheçam.

    Sds Coloradas!
    Rodrigo Teixeira Stephanou
    rodrigostephanou@gmail.com

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  8. Eu honestamente prefiro a forma como a obra está sendo realizada atualmente, sem demolição do estádio. A estrutura permite uma adequada modernização, principalmente com o aproveitamento dos espaços sob a arquibancada inferior. Quanto à parceria, não tenho subsídios para opinar.

    Não conseguiremos, pelo menos por agora, manter o sócio sem dar como contrapartida benefícios diretos na entrada para as partidas, o que fica bem mais fácil quando se tem domínio total das receitas das arquibancadas superior e inferior.

    Acredito também que, naquele momento, negociaríamos em condições inferiores às atuais, haja vista o prazo de 30 anos e a divisão por igual de todas as receitas, conforme consta na matéria.

    Agradeço a partilha dos dados históricos.

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  9. Dr. Miranda, o senhor e Dr. Jarbas queimaram minha língua, graças a Deus, eu era muito jovem na época e o analfabetismo político foi o maior responsável pela raiva que sentia na tua gestão, um time mediano em uma época "pós-azul", não era fácil ser Colorado,ainda lembro do Dr. Jarbas dizendo para a câmera da RBS "iremos parar em tóquio", que profecia maravilhosa para os patamares jamais imaginados por mim na década de 90 e que vivenciamos hoje. Obrigado!

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  10. Como o Anonimo comentou aí em cima. Passamos anos ouindo que não precisavamos de parceiros para fazer/reformar estadio. E agora na semana que vem (dia 28/02/11) teremos uma reuniaõ do conselho para justamente analisar uma proposta de passar a construçaõ do estádio para uma construtora.
    O mundo da voltas mesmo.
    Parabens pelo blog.

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  11. Ainda ontem comentava com um amigo a ironia do destino: o Inter garganteou que iria fazer o estádio com recursos próprios e agora, depois de já gastar um monte de dinheiro, vai pegar uma parceira - fazendo todas as concessões normais neste tipo de "parceria". O que me espanta é que vamos ter um custo enorme para, na boa, "remendar" o nosso estádio, e, ao final do mesmo período, o grêmio terá um estádio novo, zero bala. Não tenho dúvida que em 2013 eles terão mais receitas e mais orgulho frutos do que estão pensando e fazendo hoje.
    PARABÉNS PELA INICIATIVA DO BLOG.

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  12. O ponto mais importante desse relato é que "TODAS" as lideranças da época compareceram na reunião. A grande maioria ficou calada e depois passaram a divulgar que a direção queria destruir o Beira-rio. Lembro-me dos discursos (se é que podem ser chamados disso) do Alexandre Mercante, na TV Pampa, com um poster do Beira-rio. Hoje, o discurso que se faz da parceria com a Andrade Gutierrez, como "GRANDE SOLUÇÃO", é o mesmo que se fazia, pelos mesmos, no sentido de que a "saída" para o INTER, em 2000, seria uma parceria. Quase todas as parcerias deram em nada.
    Agora, por nunca ter existido um plano de negócio par ao Estádio, aceitaremos a parceria. Pagaremos para a parceira e ainda asusmiremos custos de manutenção do Estádio. Um péssimo negócio.
    E o CD irá aprovar, por causa da ridícula questão gre-NAL. Ainda bem que saí fora.
    Show a tua iniciativa!

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  13. Felipe, por pouco eu não segui teu caminho.

    O conselho pode aprovar a parceria proposta, mas espero que poelo menos seja colocado em pauta e votação a idéia de desistir da copa e fazer o estadio do nosso jeito e para o sócio colorado. Até agora tem um voto nesse sentido : o meu.

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  14. Meu voto [e CHAPA 6 .Pois temos que ter visionarios como Fernando Miranda:
    Quando ninguem pensava na lei Pelé ele estudou e salvou o INter
    Quando o órgao Oficial do Gremio(rbs) mandava no Inter ele terminou com a brincadeira
    Ele sem empresario vendeu o Fabio Rockembacher por um valor até hoje nunca visto no Caixa do Clube.
    Em 2001 ele lançou a ideia do novo Estadio no mesmo local com Retorno de Investimento ao Clube.Hoje estão reformando com o Retorno de Investimento para a FIFA.
    A ética nao precisava de discurso era exercida diariamente no Clube
    Aristoteles Galvao arigalvao@gmail.com

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  15. Fernando Miranda
    Todo mundo diz que foi somente um que fez o INTERNACIONAL ser um Clube Internacional e dizem que foi o FERNANDO .Sim foi o FERNANDO MIRANDA que foi visionario estudou a Lei Pelé e investiu na base, foi ele que pensou em estadio com RETORNO DE INVESTIMENTO para o Inter,Foi ele que vendeu um jogadro sem empresario e que trouxe o maior valor para o Caixa do Clube, foi ele que domou o órgao oficial do Gremio(rbs).Temos que ter memória e votar na Chapa 6.Meus parabéns pela tua volta.
    Aristóteles Galvao arigalvao@gmail.com

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