Durante os anos que antecederam nossa gestão tive diversas discussões em busca de informações (como relatei na última postagem) e muitas manifestações de indignação com a forma que as coisas do clube eram tratadas.
Sei que esta postura gerou grande desgaste pessoal e não eram unanimidade nem dentro do Movimento Inter 2000, nem entre os demais integrantes da oposição.
Em muitos momentos o apelo era para "deixar assim". Mas o "chato do Miranda" não queria deixar assim.
Os argumentos eram muitos:
- Não é o momento adequado para questionar... (nunca era);
- Não sejamos radicais;
- Futebol é assim mesmo (este eu achava sensacional);
- Certa vez um conselheiro disse que ia às reuniões do Conselho para falar de futebol e não de contabilidade(?!);
- Tem que "ser político" (como se "ser político" significasse negociar qualquer coisa ou evitar conflito a qualquer preço);
- Enfim... qualquer coisa que pudesse ser dita para não dar trabalho .
Mas eu estava convencido de que o rompimento com este modelo que permitia, por exemplo, a contabilidade do clube convivendo com uma conta de "Adiantamento à Presidência" no balanço e sendo ignorada pelo Conselho Deliberativo e pelo Conselho Fiscal, passava por um grande esforço mesmo que isto pudesse representar enorme desgaste pessoal.
Em postagem futura falarei sobre isto de forma mais detalhada e apresentarei relatório da comissão do Conselho Deliberativo que fiz parte para analisar alguns assuntos deste tipo.
Estou falando nisto, pois tenho acompanhado, pela imprensa uma "falsa polêmica" que tem sido intitulada como o assunto dos cartões de crédito corporativos.
Minha opinião é de que os tais cartões de crédito corporativo são um grande avanço na direção da transparência.
- Um cartão de crédito, mesmo corporativo, tem um portador responsável.
- As despesas são perfeitamente identificadas;
- Uma nota fiscal correspondente deve acompanhar a despesa;
- Imagino que se a despesa acontece no exterior, algum tipo de relatório deva acompanhar o comprovante para poder ser contabilizado e aprovado pela auditoria externa e Conselho Fiscal.
- As datas, fornecedores, histórico, ficam muito fáceis de serem demonstradas.
Após a invenção da PLANILHA ELETRÔNICA (algo como o excel, se alguém não entendeu) ficou muito fácil de acabar com uma polêmica destas (na verdade antes também era, pois existia o papel quadriculado...) . É só "planilhar" as despesas de cada um dos cartões existentes colocando nas colunas data, fornecedor, valor, histórico e anexar as notas fiscais correspondentes.
Tenho certeza que este assunto resultará encerrado com a publicação destas informações, que estão muito longe da possibilidade de serem sigilosas. Não haveria nenhuma razão prática ou estratégica para não divulgar todos estes dados de cada um dos cartões corporativos de dirigentes e/ou funcionários do clube.
Chamei de falsa polêmica esta questão, por considerar problema uma despesa que não tenha comprovação ou fique em aberto na contabilidade, sem possibilidade de contabilização e/ou responsabilização, independente das mesmas serem liquidadas por um cartão de crédito, pelo caixa ou pela emissão de um cheque.
Portanto, como já disse, considero um avanço na direção da transparência a existência de tais cartões de crédito corporativos e cumprimento à gestão atual e passada por implementarem esta ferramenta e pelo relatório que apresentarão liquidando este assunto.
Fernando Miranda