Tenho muita coisa arquivada.
Hoje escolhi 2 arquivos para dividir com os leitores do site do Inter2000.
O primeiro fala da história da escolha do candidato da situação em 1997.
Chegávamos ao final do ano e o time fazia grande campanha no campeonato brasileiro. Naquele ano participei da Vice-Presidência de Futebol até março e o Medina era o coordenador técnico. Como curiosidade, o treinador era o Celso Roth... - já prometi e vou falar desta passagem nas próximas postagens.
No final do ano concorri e perdi a eleição para o Amoretty.
No momento desta matéria, Amoretty e Fernando Carvalho disputavam a preferência do Zachia e o Carvalho se mobilizava para alterar o Estatuto garantindo mais um mandato para o Zachia.
_______________________________________________________
Neste outro arquivo, fica clara a minha mobilização em torno das coisas do Internacional.
Não saberia dizer exatamente o contexto deste fax que enviei em 24/3/94. Escondi os destinatários por achar que não acrescentaria nada.
Mas tenho diversos exemplares destes. Alguns engraçados. Outros impublicáveis. Mas todos expressando uma mobilização quase "absurda".
Muitas vezes tenho a impressão que algumas pessoas imaginam que eu passava na frente do Beira-Rio e fui colocado na condição de Presidente. Desconhecendo a forma que me preparei e trabalhei pelo clube.
Neste fax, que foi escrito há 17 anos(!), falava do conceito de "inocente útil". É aquele cara bonzinho, politicamente correto à quem jamais podemos imputar alguma culpa. Mas ele está ali...firme!!! perto do poder, bem comportado e validando práticas absolutamente prejudiciais à instituição. A quebra de paradigma e o rompimento com o modelo que, na minha opinião, já não servia ao clube, exigia esta mobilização. E este era e continua sendo o espírito Inter 2000.
Fernando Miranda
O objetivo deste site é contar a história do movimento INTER 2000, sob o meu ponto de vista. O movimento INTER 2000 foi fundado em 1993 e dirigiu o Sport Club INTERNACIONAL no biênio 2000/2001. Serão publicadas postagens periódicas contando episódios e/ou apresentando comentários a respeito de meu relacionamento com o clube que se confunde com a história do movimento. As postagens NÃO seguirão ordem cronológica. Fernando Miranda, FEV/11.
quarta-feira, 30 de março de 2011
segunda-feira, 28 de março de 2011
A COISA...
"A COISA" foi a forma carinhosa que encontrei para tratar o cerne do assunto futebol. Aquilo que diz respeito à gestão técnica do futebol.
Esta sempre foi uma das grandes motivações que tive.
Rivalizando apenas com a paixão pelo clube.
Pouco antes de "decidir" que faria engenharia e que me prepararia para ser Presidente do Internacional, sempre que perguntado sobre a profissão que seguiria, não tinha dúvida em dizer que seria treinador de futebol.
Em 1993, quando iniciou o Inter 2000, eu já conhecia bem o clube. Não tão bem o "vestiário".
Além de estudar o assunto profundamente durante toda a vida, acompanhar o futebol do Internacional e do mundo todo como parte da minha vida, não havia tido oportunidade de conviver com o dia a dia.
O mais perto que havia chegado, foi nos anos que era diretor e depois vice-presidente de administração da gestão Asmuz (1990/1991), quando -aí vai a confissão de uma transgressão- me escondia 1/2 hora antes para ouvir (assistir, não dava) a palestra do treinador. Especialmente as palestras do Ênio Andrade que era um mestre.
Apesar disto, escrevi alguma coisa a respeito da forma que acreditava ser correta para gerir o assunto.
Quando fui convidado para paticipar do Departamento de Futebol em 1996 (isto vai merecer uma postagem especial) tentei levar para o dia a dia algumas práticas que aplicava na minha rotina profissional. Coisa simples. Reunir as pessoas responsáveis pela condução do trabalho periodicamente, por exemplo. É... isto não era algo rotineiro.
A informática era algo estranho ao interesse do clube e estava restrito ao esforço individual de um auxiliar trazido pelo Flavio Trevisan. Seu nome era Eduardo Silva. Ele me pedia para ajudá-lo a fazer um "upgrade" nos seu "PC" para continuar atualizando planilhas de treinamento.
Muitos anos depois, fiquei muito gratificado quando ele me disse que não entendia porque naquela época eu dizia para que ele não precisava de "upgrade" naquele computador, mas a criação de um sistema voltado ao gerenciamento do trabalho. E que passara a entender o que eu dizia quando implantamos o sistema de trabalho que implantamos em 2000/2001.
Em 1996 conheci o professor João Paulo Medina, que me deu mais segurança para apostar naquilo que acreditava. Alguns anos depois mostrei para ele o que havia escrito em 1993 e ele quase não acreditou que havia escrito aquilo antes de nos conhecermos.
Sobre o Medina, vou escrever tópico(s) especiais.
É engraçado lembrar que era motivo de PIADA quando falávamos em equipe multi-disciplinar. Havia até quem contasse quantos profissionais tínhamos trabalhando na equipe técnica (!).
Hoje não se fala mais nisto. Todos já ouviram os passarinhos cantarem (embora alguns não saibam exatamente onde eles estão...) e ter um "monte" de profissionais é o normal. Hoje, o trabalho multi-disciplinar é o que todos os clubes fazem. Alguns com mais disciplinas, outros com menos.
Portanto, o desafio, agora é o trabalho INTER-DISCIPLINAR com uma competente coordenação técnica. Certamente este discurso hoje, seria motivo de piada por aqui. De novo...
Quando se fala de Internacional, não dediquei para nenhum assunto mais tempo do que para o futebol - "A COISA" - e farei diversas postagens sobre este assunto.
Fernando Miranda
Esta sempre foi uma das grandes motivações que tive.
Rivalizando apenas com a paixão pelo clube.
Pouco antes de "decidir" que faria engenharia e que me prepararia para ser Presidente do Internacional, sempre que perguntado sobre a profissão que seguiria, não tinha dúvida em dizer que seria treinador de futebol.
Em 1993, quando iniciou o Inter 2000, eu já conhecia bem o clube. Não tão bem o "vestiário".
Além de estudar o assunto profundamente durante toda a vida, acompanhar o futebol do Internacional e do mundo todo como parte da minha vida, não havia tido oportunidade de conviver com o dia a dia.
O mais perto que havia chegado, foi nos anos que era diretor e depois vice-presidente de administração da gestão Asmuz (1990/1991), quando -aí vai a confissão de uma transgressão- me escondia 1/2 hora antes para ouvir (assistir, não dava) a palestra do treinador. Especialmente as palestras do Ênio Andrade que era um mestre.
Apesar disto, escrevi alguma coisa a respeito da forma que acreditava ser correta para gerir o assunto.
Quando fui convidado para paticipar do Departamento de Futebol em 1996 (isto vai merecer uma postagem especial) tentei levar para o dia a dia algumas práticas que aplicava na minha rotina profissional. Coisa simples. Reunir as pessoas responsáveis pela condução do trabalho periodicamente, por exemplo. É... isto não era algo rotineiro.
A informática era algo estranho ao interesse do clube e estava restrito ao esforço individual de um auxiliar trazido pelo Flavio Trevisan. Seu nome era Eduardo Silva. Ele me pedia para ajudá-lo a fazer um "upgrade" nos seu "PC" para continuar atualizando planilhas de treinamento.
Muitos anos depois, fiquei muito gratificado quando ele me disse que não entendia porque naquela época eu dizia para que ele não precisava de "upgrade" naquele computador, mas a criação de um sistema voltado ao gerenciamento do trabalho. E que passara a entender o que eu dizia quando implantamos o sistema de trabalho que implantamos em 2000/2001.
Em 1996 conheci o professor João Paulo Medina, que me deu mais segurança para apostar naquilo que acreditava. Alguns anos depois mostrei para ele o que havia escrito em 1993 e ele quase não acreditou que havia escrito aquilo antes de nos conhecermos.
Sobre o Medina, vou escrever tópico(s) especiais.
É engraçado lembrar que era motivo de PIADA quando falávamos em equipe multi-disciplinar. Havia até quem contasse quantos profissionais tínhamos trabalhando na equipe técnica (!).
Hoje não se fala mais nisto. Todos já ouviram os passarinhos cantarem (embora alguns não saibam exatamente onde eles estão...) e ter um "monte" de profissionais é o normal. Hoje, o trabalho multi-disciplinar é o que todos os clubes fazem. Alguns com mais disciplinas, outros com menos.
Portanto, o desafio, agora é o trabalho INTER-DISCIPLINAR com uma competente coordenação técnica. Certamente este discurso hoje, seria motivo de piada por aqui. De novo...
Quando se fala de Internacional, não dediquei para nenhum assunto mais tempo do que para o futebol - "A COISA" - e farei diversas postagens sobre este assunto.
Fernando Miranda
sexta-feira, 25 de março de 2011
Dunga
No Campeonato Gaúcho de 1981 só não estive em um jogo.
Em São Borja, onde ganhamos 1x0, gol do Cléo.
Estive em todos os outros. Desde o primeiro, em São Gabriel, estréia do Nilson Dias...
Naquele ano, a preliminar era jogada pelas equipes da categoria "junior" (se estou mostrando que tenho memória, confesso não lembrar se era assim que chamávamos esta categoria naquela época).
O Internacional tinha um jogador que fez gol em TODOS os jogos preliminares naquele ano. Era o Dunga.
Ali aprendi a respeitá-lo como jogador e tinha certeza de estar diante de um atleta promissor.
Fiquei muito decepcionado quando o Dunga foi vendido.
Um antigo dirigente dizia que ele era "coxa-colada".
Eu não entendia como não valorizávamos aquele atleta.
Quando o Dunga foi campeão do mundo, recebi diversos telefonemas de pessoas que lembravam de minha posição quando ele foi vendido.
Em 1999 o Dunga foi "re-contratado" pelo Internacional.
Estávamos trabalhando desde 1993 para assumir o Internacional no final de 1999.
Não sei como funciona hoje, caso a oposição queira conhecer, por exemplo, o contrato de um profissional.
Mas naquela época era uma GUERRA. E entre as diversas informações que queríamos estava o contrato do Dunga.
Como muitas outras informações, só conhecemos o contrato após a posse.
Independente de nossa avaliação das condições técnicas e físicas do atleta, não podíamos pagar os valores contratados que, além de tudo, sofriam um acréscimo a partir de 2000.
Na primeira reunião de diretoria, na condição de Vice-Presidente de Futebol, disse que a maior contratação que queria era a condição de resolver a situação do Dunga.
Em conversa com o jogador, ele me pediu para participar da pré-temporada, pois seu procurador viria da Itália para acertarmos sua rescisão logo após a pré-temporada.
Nosso primeiro amistoso foi em Florianópolis contra o Figueirense.
Perdemos 3x0 e o Dunga nem ficou no banco.
Na primeira partida em Porto Alegre jogamos com o América MG.
Perdemos 1x0 e o Dunga entrou no final do jogo.
Gesticulou muito com os companheiros e apesar de ter cobrado uma falta que o árbitro sinalizara como tiro livre indireto, direto para as redes (evidente que o gol não foi validado), saiu de campo como herói.
Lembro que desci para o vestiário após o jogo muito irritado com o comportamento dele, mas repetindo para mim que não iria falar nada de cabeça quente.
No momento da oração ele disse aos companheiros que não tinha ninguém, ali, com condição de cobrar devidamente o desempenho dos jogadores (ele foi mais grosseiro que isto, mas não vou reproduzir...).
Não acreditei que tivesse ouvido aquilo.
Para minha sorte e da possibilidade de controlar o vestiário, ele repetiu o que havia dito.
A atitude que tomei naquele momento foi impulsiva.
Mas em algumas situações, ter o "pavio curto" tem suas vantagens.
Tenho certeza que, naquele momento, o Dunga me proporcionou mostrar que nosso vestiário tinha comandante. E este episódio me aproximou muito dos demais jogadores.
Várias semanas (talvez alguns meses) depois e... nada do empresário...
Nossa diretoria conseguiu os recursos para rescindir o contrato e seguirmos em frente.
Acredito que estávamos certos na avaliação do atleta, naquele momento. Afinal não tenho notícias de que ele tenha jogado por outra equipe profissional depois disto. Talvez ele já fosse o grande treinador que é hoje, e ainda não soubesse.
Evidentemente esta situação gerou um conflito entre o Miranda e o Dunga. Foi uma ironia eu ter um conflito com um ídolo. Mas tenho certeza que defendia o interesse do clube. Aliás, se houve um conflito ou negociação entre o Miranda (Vice-Presidente de Futebol) e o Dunga, todos podem ter certeza que nesta negociação quem defendeu os interesses do Internacional fui eu e não o Dunga.
Fernando Miranda
Em São Borja, onde ganhamos 1x0, gol do Cléo.
Estive em todos os outros. Desde o primeiro, em São Gabriel, estréia do Nilson Dias...
Naquele ano, a preliminar era jogada pelas equipes da categoria "junior" (se estou mostrando que tenho memória, confesso não lembrar se era assim que chamávamos esta categoria naquela época).
O Internacional tinha um jogador que fez gol em TODOS os jogos preliminares naquele ano. Era o Dunga.
Ali aprendi a respeitá-lo como jogador e tinha certeza de estar diante de um atleta promissor.
Fiquei muito decepcionado quando o Dunga foi vendido.
Um antigo dirigente dizia que ele era "coxa-colada".
Eu não entendia como não valorizávamos aquele atleta.
Quando o Dunga foi campeão do mundo, recebi diversos telefonemas de pessoas que lembravam de minha posição quando ele foi vendido.
Em 1999 o Dunga foi "re-contratado" pelo Internacional.
Estávamos trabalhando desde 1993 para assumir o Internacional no final de 1999.
Não sei como funciona hoje, caso a oposição queira conhecer, por exemplo, o contrato de um profissional.
Mas naquela época era uma GUERRA. E entre as diversas informações que queríamos estava o contrato do Dunga.
Como muitas outras informações, só conhecemos o contrato após a posse.
Independente de nossa avaliação das condições técnicas e físicas do atleta, não podíamos pagar os valores contratados que, além de tudo, sofriam um acréscimo a partir de 2000.
Na primeira reunião de diretoria, na condição de Vice-Presidente de Futebol, disse que a maior contratação que queria era a condição de resolver a situação do Dunga.
Em conversa com o jogador, ele me pediu para participar da pré-temporada, pois seu procurador viria da Itália para acertarmos sua rescisão logo após a pré-temporada.
Nosso primeiro amistoso foi em Florianópolis contra o Figueirense.
Perdemos 3x0 e o Dunga nem ficou no banco.
Na primeira partida em Porto Alegre jogamos com o América MG.
Perdemos 1x0 e o Dunga entrou no final do jogo.
Gesticulou muito com os companheiros e apesar de ter cobrado uma falta que o árbitro sinalizara como tiro livre indireto, direto para as redes (evidente que o gol não foi validado), saiu de campo como herói.
Lembro que desci para o vestiário após o jogo muito irritado com o comportamento dele, mas repetindo para mim que não iria falar nada de cabeça quente.
No momento da oração ele disse aos companheiros que não tinha ninguém, ali, com condição de cobrar devidamente o desempenho dos jogadores (ele foi mais grosseiro que isto, mas não vou reproduzir...).
Não acreditei que tivesse ouvido aquilo.
Para minha sorte e da possibilidade de controlar o vestiário, ele repetiu o que havia dito.
A atitude que tomei naquele momento foi impulsiva.
Mas em algumas situações, ter o "pavio curto" tem suas vantagens.
Tenho certeza que, naquele momento, o Dunga me proporcionou mostrar que nosso vestiário tinha comandante. E este episódio me aproximou muito dos demais jogadores.
Várias semanas (talvez alguns meses) depois e... nada do empresário...
Nossa diretoria conseguiu os recursos para rescindir o contrato e seguirmos em frente.
Acredito que estávamos certos na avaliação do atleta, naquele momento. Afinal não tenho notícias de que ele tenha jogado por outra equipe profissional depois disto. Talvez ele já fosse o grande treinador que é hoje, e ainda não soubesse.
Evidentemente esta situação gerou um conflito entre o Miranda e o Dunga. Foi uma ironia eu ter um conflito com um ídolo. Mas tenho certeza que defendia o interesse do clube. Aliás, se houve um conflito ou negociação entre o Miranda (Vice-Presidente de Futebol) e o Dunga, todos podem ter certeza que nesta negociação quem defendeu os interesses do Internacional fui eu e não o Dunga.
Fernando Miranda
quarta-feira, 23 de março de 2011
Atlético-PR 1 x Inter 2 em 2000...
Em diversos jogos tive grande alegria.
Antes de ser Presidente, viajei bastante para acompanhar nosso time.
Talvez por isto. Talvez pela enorme pressão que acontecia cada vez que jogávamos no Beira-Rio, quase sempre que lembro de jogos empolgantes, eles aconteceram fora de Porto Alegre.
Nas oitavas de final do campeonato brasileiro de 2000, tive um momento de grande alegria.
O jogo aconteceu dia 25-11-2000. Havíamos empatado em Porto Alegre 0x0. Portanto, precisávamos ganhar ou empatar com gols para passar às quartas de final.
O ano tinha sido MUITO difícil. As dificuldades financeiras, a exigência da "parceria", a forma que perdemos o campeonato gaúcho, o afastamento do Dr. Jarbas, a necessidade de nova eleição,... tudo vinha à minha lembrança quando entramos em campo.
No final do primeiro tempo, tivemos um penalti contra, a expulsão do Ronaldo e o gol do Atlético-PR...
Entre todas as coisas que lembro daquela tarde, os 15 minutos de vestiário no intervalo foram algo que nunca esquecerei.
Não houve gritaria. A mobilização se dava pelo olhar que trocávamos. Não seríamos eliminados daquela forma!
O Zé Mário foi brilhante! Transmitindo confiança, tranquilidade e motivação. Não alterou o time, apenas recuou um pouco o Leandro Guerreiro.
Quando íamos entrar em campo, recebi um telefonema. Se não estou enganado (e acho que não estou) era o Eduardo Lacher. Ele me disse que havia uma comentário que o árbitro expulsaria o Marcelo Rosa, por ter reclamado no final do primeiro tempo.
O vestiário, na Arena da Baixada fica atrás de uma das goleiras e a gente fica bem próximo do campo.
Pedi aos jogadores que entrassem em campo e que ficassem longe do juíz. Caso ele expulsasse alguém eles não deveriam reagir. Eu tomaria uma atitude. Confesso que não sei bem o que faria. Certamente teria feito uma grande bobagem. Mas estávamos nos sentindo prejudicados e com um forte sentimento de união.
Para nossa sorte a expulsão não aconteceu e o segundo tempo começou normalmente.
Subi para a cabine onde estávamos.
A caminhada foi longa e quando cheguei lá o jogo estava em andamento. Poucos minutos depois, tivemos um penalti a nosso favor, e o Elivelton fez o gol de empate.
Na vibração do gol me excedi (um pouquinho) e fui "recolhido" pela Brigada Militar para uma sala onde devia prestar depoimento.O que aconteceu foi que "chutei" um cinzeiro, que bateu na parede e acabou caindo entre os torcedores do Atlético-Pr.
Fui acompanhado pelo Dr. Carlos Souto (meu amigo e vice-jurídico) que pleiteava a minha liberação junto à Brigada.
No local que estava ouvia apenas a vibração da torcida e não conseguia saber como estava o jogo.
Meu estado de nervos era tão lamentável que o Capitão da Brigada teve "dó" , me disse que o jogo continuava 1x1 e que me enviaria o boletim de ocorrência para que eu assinasse no vestiário após o jogo e, que naquele momento estava me liberando para ver o final da partida.
Quando consegui ver novamente o campo, o Diogo Rincon estava fazendo o segundo gol e vencemos por 2x1.
Entrei no campo e fui abraçado pelos jogadores que me jogaram no chão e se jogaram sobre mim. Acabaram quebrando meu celular, mas foi um momento inesquecível.
Quando assisti (na televisão) as defesas que o Hiran praticou quando eu estava "recolhido", percebi que aquilo aconteceu para que eu não assistisse aqueles momentos...meu coração não aguentaria!!!
Fernando Miranda
Antes de ser Presidente, viajei bastante para acompanhar nosso time.
Talvez por isto. Talvez pela enorme pressão que acontecia cada vez que jogávamos no Beira-Rio, quase sempre que lembro de jogos empolgantes, eles aconteceram fora de Porto Alegre.
Nas oitavas de final do campeonato brasileiro de 2000, tive um momento de grande alegria.
O jogo aconteceu dia 25-11-2000. Havíamos empatado em Porto Alegre 0x0. Portanto, precisávamos ganhar ou empatar com gols para passar às quartas de final.
O ano tinha sido MUITO difícil. As dificuldades financeiras, a exigência da "parceria", a forma que perdemos o campeonato gaúcho, o afastamento do Dr. Jarbas, a necessidade de nova eleição,... tudo vinha à minha lembrança quando entramos em campo.
No final do primeiro tempo, tivemos um penalti contra, a expulsão do Ronaldo e o gol do Atlético-PR...
Entre todas as coisas que lembro daquela tarde, os 15 minutos de vestiário no intervalo foram algo que nunca esquecerei.
Não houve gritaria. A mobilização se dava pelo olhar que trocávamos. Não seríamos eliminados daquela forma!
O Zé Mário foi brilhante! Transmitindo confiança, tranquilidade e motivação. Não alterou o time, apenas recuou um pouco o Leandro Guerreiro.
Quando íamos entrar em campo, recebi um telefonema. Se não estou enganado (e acho que não estou) era o Eduardo Lacher. Ele me disse que havia uma comentário que o árbitro expulsaria o Marcelo Rosa, por ter reclamado no final do primeiro tempo.
O vestiário, na Arena da Baixada fica atrás de uma das goleiras e a gente fica bem próximo do campo.
Pedi aos jogadores que entrassem em campo e que ficassem longe do juíz. Caso ele expulsasse alguém eles não deveriam reagir. Eu tomaria uma atitude. Confesso que não sei bem o que faria. Certamente teria feito uma grande bobagem. Mas estávamos nos sentindo prejudicados e com um forte sentimento de união.
Para nossa sorte a expulsão não aconteceu e o segundo tempo começou normalmente.
Subi para a cabine onde estávamos.
A caminhada foi longa e quando cheguei lá o jogo estava em andamento. Poucos minutos depois, tivemos um penalti a nosso favor, e o Elivelton fez o gol de empate.
Na vibração do gol me excedi (um pouquinho) e fui "recolhido" pela Brigada Militar para uma sala onde devia prestar depoimento.O que aconteceu foi que "chutei" um cinzeiro, que bateu na parede e acabou caindo entre os torcedores do Atlético-Pr.
Fui acompanhado pelo Dr. Carlos Souto (meu amigo e vice-jurídico) que pleiteava a minha liberação junto à Brigada.
No local que estava ouvia apenas a vibração da torcida e não conseguia saber como estava o jogo.
Meu estado de nervos era tão lamentável que o Capitão da Brigada teve "dó" , me disse que o jogo continuava 1x1 e que me enviaria o boletim de ocorrência para que eu assinasse no vestiário após o jogo e, que naquele momento estava me liberando para ver o final da partida.
Quando consegui ver novamente o campo, o Diogo Rincon estava fazendo o segundo gol e vencemos por 2x1.
Entrei no campo e fui abraçado pelos jogadores que me jogaram no chão e se jogaram sobre mim. Acabaram quebrando meu celular, mas foi um momento inesquecível.
Quando assisti (na televisão) as defesas que o Hiran praticou quando eu estava "recolhido", percebi que aquilo aconteceu para que eu não assistisse aqueles momentos...meu coração não aguentaria!!!
Fernando Miranda
segunda-feira, 21 de março de 2011
A foto na galeria dos ex-presidentes
A matéria ao lado explica (um pouco) minhas motivações e minha mobilização em torno das coisas do Internacional.
Quando terminou meu mandato criou-se grande polêmica a respeito da minha foto na galeria dos ex-presidentes.
A razão pela qual não forneci a foto para a galeria é que não admitiria colocar minha foto, se lá não estivessem as fotos de todos os presidentes que me antecederam. Como falta a foto do Dr. Jarbas Lima, minha foto não foi para a galeria.
Caso a foto do Dr. Jarbas seja colocada, não terei problema em ceder a minha para que seja colocada na galeria, desde que haja o compromisso de não fazer nenhum tipo de "solenidade".
Fernando Miranda
sexta-feira, 18 de março de 2011
Um pouco de história...um pouco do momento atual
Tive a honra de receber, hoje, o telefonema do ex-Presidente Roberto Borba convidando para participar de reunião com ouros ex-Presidentes e falar na decisão que o clube está tomando a respeito do estádio.
Foi a segunda vez que falei com o ex-Presidente Borba. Em ambas ele me telefonou para convites semelhantes.
A primeira vez foi dia 12 de novembro de 2002, quando estávamos numa situação muito delicada no campeonato brasileiro, no primeiro ano da gestão Fernando Carvalho.
O que respondi para ele, na ocasião, resumi em fax que enviei ao Presidente Fernando Carvalho e reproduzo abaixo:
Após este episódio e (principalmente) passado o sufoco do jogo com o Paisandú, conhecida figura da política do clube (que me permito não citar nominalmente para não pessoalizar o texto) disse, em entrevista que tinha em mãos fax que eu havia enviado deixando claro que estava "secando" nosso time.
Em função disto, enviei para o Luis Carlos Rech o texto anterior e o fax abaixo:
Quando falei, hoje, com o ex-Presidente Borba, lembrei deste episódio.
Repeti para ele, que entre os ex-Presidentes, o único que sempre se dispôs a me acompanhar e sempre demonstrou preocupação com a forma que fui tratado no exercício da presidência foi o José Asmuz.
Embora nunca tenha mantido contato pessoal com o ex-Presidente Borba, acho louvável o esforço que está fazendo no sentido de "acalmar" os ânimos.
Mas está fazendo isto, usando seu perfil.
Eu também acredito estar contribuindo, recordando estes episódios, para que as pessoas que estão vivendo a política interna do clube hoje, respeitem as pessoas de bem e pensem duas vezes antes de falar alguma coisa.
Quem fala que um ex-Presidente é página virada, não está respeitando a história do clube. Não está tentando apaziguá-lo e talvez esteja imaginando ter vocação para ser a "capa" do livro.
Fernando Miranda
Foi a segunda vez que falei com o ex-Presidente Borba. Em ambas ele me telefonou para convites semelhantes.
A primeira vez foi dia 12 de novembro de 2002, quando estávamos numa situação muito delicada no campeonato brasileiro, no primeiro ano da gestão Fernando Carvalho.
O que respondi para ele, na ocasião, resumi em fax que enviei ao Presidente Fernando Carvalho e reproduzo abaixo:
Após este episódio e (principalmente) passado o sufoco do jogo com o Paisandú, conhecida figura da política do clube (que me permito não citar nominalmente para não pessoalizar o texto) disse, em entrevista que tinha em mãos fax que eu havia enviado deixando claro que estava "secando" nosso time.
Em função disto, enviei para o Luis Carlos Rech o texto anterior e o fax abaixo:
Quando falei, hoje, com o ex-Presidente Borba, lembrei deste episódio.
Repeti para ele, que entre os ex-Presidentes, o único que sempre se dispôs a me acompanhar e sempre demonstrou preocupação com a forma que fui tratado no exercício da presidência foi o José Asmuz.
Embora nunca tenha mantido contato pessoal com o ex-Presidente Borba, acho louvável o esforço que está fazendo no sentido de "acalmar" os ânimos.
Mas está fazendo isto, usando seu perfil.
Eu também acredito estar contribuindo, recordando estes episódios, para que as pessoas que estão vivendo a política interna do clube hoje, respeitem as pessoas de bem e pensem duas vezes antes de falar alguma coisa.
Quem fala que um ex-Presidente é página virada, não está respeitando a história do clube. Não está tentando apaziguá-lo e talvez esteja imaginando ter vocação para ser a "capa" do livro.
Fernando Miranda
quarta-feira, 16 de março de 2011
As atas de reuniões do Conselho Deliberativo
Dia destes ouvi um conselheiro reclamando das atas das reuniões do CD, em programa de rádio.
Não sei como está isto hoje.
Mas sei como era, quando começamos o Inter2000.
Nas atas aparecia apenas o que interessava. Para alguns.
Este fato causava grande desgaste.
Quando conseguíamos falar, nossas manifestações eram distorcidas.
Na reunião seguinte ficávamos longo tempo discutindo a ata anterior.
Em alguns casos... as atas anteriores que continuavam pendentes.
Quando o Dr. Amaury e o Dr. Carlos Souto foram eleitos Presidente e Secretário do CD, passamos a colocar TUDO o que era dito nas atas.
Isto mesmo. TUDO.
Sabíamos ser um exagero.
Mas era o critério.
Esta atitude fez com que quem se manifestasse, passasse a pensar um pouco antes de falar.
E criou algums dificuldades, como o sumiço das fitas de determinada reunião, como já falei em postagem anterior.
As atas passaram a ter muitas páginas.
E davam um trabalho danado para fazê-las.
Mas acredito que esta atitude ajudou a mudar o comportamento do Conselho.
Naquela época...
Fernando Miranda
Não sei como está isto hoje.
Mas sei como era, quando começamos o Inter2000.
Nas atas aparecia apenas o que interessava. Para alguns.
Este fato causava grande desgaste.
Quando conseguíamos falar, nossas manifestações eram distorcidas.
Na reunião seguinte ficávamos longo tempo discutindo a ata anterior.
Em alguns casos... as atas anteriores que continuavam pendentes.
Quando o Dr. Amaury e o Dr. Carlos Souto foram eleitos Presidente e Secretário do CD, passamos a colocar TUDO o que era dito nas atas.
Isto mesmo. TUDO.
Sabíamos ser um exagero.
Mas era o critério.
Esta atitude fez com que quem se manifestasse, passasse a pensar um pouco antes de falar.
E criou algums dificuldades, como o sumiço das fitas de determinada reunião, como já falei em postagem anterior.
As atas passaram a ter muitas páginas.
E davam um trabalho danado para fazê-las.
Mas acredito que esta atitude ajudou a mudar o comportamento do Conselho.
Naquela época...
Fernando Miranda
segunda-feira, 14 de março de 2011
Meu sentimento no final do mandato
A entrevista abaixo foi publicada na revista BOLA PRA FRENTE de janeiro de 2002 e, provavelmente foi elaborada no final de 2001, quando encerrava o mandato.
Lendo, hoje, esta entrevista acredito que ela retrata bem a forma que me sentia ao final do mandato.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Reflexão sobre este site e minhas motivações
O futebol e o Internacional ocuparam parte significativa do meu tempo durante 40 anos.
Aqueles com que me conhecem sabem bem do que estou falando.
Isto era prazer enorme para mim.
Quando este prazer diminuiu, resolvi me afastar.
A tentativa ou a possibilidade de EXTINÇÃO do INTER 2000 me motivaram a criar este site e isto tem sido fonte de prazer.
Desde que não interfira na minha vida profissional e familiar.
Entrei aqui para escrever que postaria a mensagem após as 20:00h de hoje, como já fiz algumas vezes.
Mas recebi um convite do Rech para participar do programa da TV ULBRA que ele comanda hoje 19:45h.
Em função de meus compromissos profissionais, estava me sentindo pressionado sobre o horário que conseguiria fazer a postagem de hoje.
Isto não é fonte de prazer...
Resolvi, então, dividir esta reflexão com as pessoas que acessam segunda, quarta e sexta o site.
Esta reflexão responde alguns questionamentos a respeito de meu "afastamento" ao longo dos anos que sucederam a gestão. É simples assim. E está relacionado à contra-partida que sempre tive para dedicar tempo ao clube como dediquei: me sentir bem fazendo o que fazia.
Como consequência disto, sempre que perguntado a respeito do meu "afastamento" e do quanto isto é definitivo, costumo dizer que não tenho obrigação nem necessidade de afirmar ser definitivo.
O que posso garantir é que não tenho sentido prazer em participar.
E que, neste momento, estruturei minha vida profissional e familiar de forma bem diferente do que tinha anteriormente.
Se, um dia, tudo isto for diferente, posso mudar com tranquilidade. Afinal, não devo nada para ninguém, não passei ninguém para trás, não tenho "rabo preso" e acredito que tive alguma contribuição na história do clube.
Fernando Miranda
Aqueles com que me conhecem sabem bem do que estou falando.
Isto era prazer enorme para mim.
Quando este prazer diminuiu, resolvi me afastar.
A tentativa ou a possibilidade de EXTINÇÃO do INTER 2000 me motivaram a criar este site e isto tem sido fonte de prazer.
Desde que não interfira na minha vida profissional e familiar.
Entrei aqui para escrever que postaria a mensagem após as 20:00h de hoje, como já fiz algumas vezes.
Mas recebi um convite do Rech para participar do programa da TV ULBRA que ele comanda hoje 19:45h.
Em função de meus compromissos profissionais, estava me sentindo pressionado sobre o horário que conseguiria fazer a postagem de hoje.
Isto não é fonte de prazer...
Resolvi, então, dividir esta reflexão com as pessoas que acessam segunda, quarta e sexta o site.
Esta reflexão responde alguns questionamentos a respeito de meu "afastamento" ao longo dos anos que sucederam a gestão. É simples assim. E está relacionado à contra-partida que sempre tive para dedicar tempo ao clube como dediquei: me sentir bem fazendo o que fazia.
Como consequência disto, sempre que perguntado a respeito do meu "afastamento" e do quanto isto é definitivo, costumo dizer que não tenho obrigação nem necessidade de afirmar ser definitivo.
O que posso garantir é que não tenho sentido prazer em participar.
E que, neste momento, estruturei minha vida profissional e familiar de forma bem diferente do que tinha anteriormente.
Se, um dia, tudo isto for diferente, posso mudar com tranquilidade. Afinal, não devo nada para ninguém, não passei ninguém para trás, não tenho "rabo preso" e acredito que tive alguma contribuição na história do clube.
Fernando Miranda
quarta-feira, 9 de março de 2011
Lucio - a venda
Quando assumimos o clube, os direitos federativos do atleta Lucio eram 50% do Internacional e 50% de um investidor, que havia pago integralmente o valor quando da aquisição do atleta.
Este investidor, que não cito nominalmente apenas por não ter pedido sua autorização, tinha muito medo que não honrássemos o pagamento de seus 50%, numa eventual negociação. Provavelmente por não nos conhecer.
Por isto, diversas vezes pediu que efetuássemos a venda destes direitos, por valores bem abaixo do que finalmente alcançamos.
Ao longo do tempo ele passou a nos conhecer e entender que faríamos a melhor negociação.
Um destes episódios foi até engraçado. Viajei Para São Paulo para tentar a venda para um conhecido empresário e seu grupo de investidores. Estávamos no meio do campeonato brasileiro de 2000.
A proposta era a seguinte: pagariam R$ 1.000.000,00 por 50% dos direitos federativos, transferiríamos o jogador para um clube uruguaio, mas ele jogaria conosco até o final do ano quando venderíamos os outros 50%, provavelmente para a europa.
Propus apresentar outros atletas, de quem eu levava o perfil na pasta e eles ainda não conheciam.
Não quiseram nem ver.
Agradeci, levantei e saí. Confesso que quando cheguei ao elevador, quase voltei.
As dificuldades financeiras eram enormes, precisávamos pagar a folha e jogávamos no final de semana em Belo Horizonte.
Fui para a Fundação Getúlio Vargas onde tinha uma reunião. Lembro da mesa do restaurante em que estava sentado quando falei com o nosso investidor em Porto Alegre.
Ele gostaria que eu tivesse efetuado a venda. Perguntou se eu acreditava que venderíamos por um valor superior e eu disse que sim.
Ele me disse que emprestaria o valor para pagarmos a folha.
Eu aleguei que não estava em Porto Alegre para assinar o contrato de mútuo.
Ele disse que aprendera a me conhecer e que podíamos assinar o contrato na minha volta.
Depositou o valor que precisávamos na conta do clube e pagamos a folha.
Vale a pena contar que este mesmo grupo de investidores (que tentou comprar o Lucio nas condições acima) fez contato comigo alguns meses mais tarde interessado no Fábio Rockembach.
Eu disse para eles que o Fábio era um dos jogadores de quem eu tinha o perfil na pasta e eles não quiseram ver.
Mas que, naquele momento, começaríamos a conversar em U$ 20.000.000,00.
Porém tínhamos alguns outros atletas que poderíamos apresentar para eles...
O Bayern Leverkussen me procurou diretamente para negociarmos o atleta. O Alemão que negociava pelo clube estava sempre acompanhado de dois personagens. Um era o "olheiro"do clube, que, se ainda me lembro chamava-se Ziegler. O outro era um intérprete que mais tarde ouvi dizer que era ligado a empresário, mas que não aparecia porque eu tinha a imagem de não negociar com empresários...
O Internacional teve, também neste episódio, a colaboração inestimável do Dr. Sérgio Juchem.
Sem a ajuda do Dr. Sérgio e a segurança que ele me transmitia, jamais poderia ter concluído algumas negociações como a do Lucio. Mas não foi só esta. E eu falarei sobre as outras e sempre lembrarei do meu amigo Sérgio.
Começamos a negociação no meu escritório. O Alemão chegou numa limousine que começava numa rua e terminava na outra. Eu vi sua chegada pela janela...
Depois de concluírmos a negociação, aprovarmos o contrato em português e inglês, elaborado pelo Sérgio, acertamos que a assinatura seria feita em uma semana, quando o representante do Bayern voltaria ã Porto Alegre.
Aquela semana foi longa. Especialmente quando o assunto vazou e o Barcelona demonstrou interesse pelo jogador.
O Presidente do Barcelona ligou para meu celular, pedindo que eu negociasse com ele.
Expliquei que tinha dado a palavra. Porém, se em uma semana o Bayern não honrasse o que combinamos eu faria contato com ele.
Ele alegou que no "futebol" as "coisas não eram assim". Eu disse que para mim eram.
Naquele momento, plantamos a semente para vender o Fábio Rockembach para o Barcelona, mas este será outro assunto...
Concluímos a negociação na agência central de uma instituição bancária.
Houve um pequeno stress, pois o alemão queria fazer o pagamento após a liberação do jogador.
E eu disse que liberaria após o pagamento.
Acabamos solucionando a questão com a apresentação de uma garantia bancária.
Antes de concluírmos o negócio, tivemos uma eleição de renovação do Conselho Deliberativo.
Ainda não tínhamos acertado o valor, mas estávamos encaminhando bem o assunto.
Alguns diziam que eu estava demorando para definir o assunto para não ter prejuízo político na eleição.
Não tive dúvida em dizer publicamente que, se alguém definisse o voto pela venda ou não do Lucio, deveria votar na outra chapa. Porque provavelmente faríamos a venda, mas que, naquele momento, ela não estava concluída.
Apesar de contrariar o "politicamente correto", ganhamos bem a eleição.
O Lucio foi vendido por R$ 9.200.000,00. U$ 1.200.000,00 para o jogador e U$ 8.000.000,00 para o Internacional.
Fernando Miranda
segunda-feira, 7 de março de 2011
Lucio - o jogador
O Lucio é, sem dúvida um grande atleta.
A primeira notícia que tivemos dele foi na Copa São Paulo de 1997, nesta época eu era diretor de futebol.
No jogo da Copa do Brasil, em Brasília ele foi bem, apesar da goleada que o Internacional fez na sua equipe.
O Ibsen Pinheiro e o Fernando Carvalho gostaram de sua atuação e ele foi contratado.
Então foi uma contratação do "Fernando Carvalho". Costumo dizer que as que aconteceram em 2000 e 2001 (Nilmar, para ficar em 1 exemplo) foram contratações do S.C. Internacional.
Quando assumimos , em 2000, o Lucio era reserva...do Anderson.
Não lembro exatamente do seu salário, mas lembro que era um valor pequeno para os padrões do restante do grupo.
Durante a pré-temporada, em Caldas da Imperatriz-SC, acertei com ele um pequeno aumento e uma prorrogação do contrato por 6 meses. Começávamos ali a ter preocupação com os contratos, que sabíamos a partir de 2001 seriam regidos pela LEI PELÉ.
Ele, em seguida passou a ser titular e foi convocado para a Seleção.
Acenei com novo reajuste, mas exigia a prorrogação do contrato por mais um ano, que se não me engano, extenderia o contrato até final de 2002.
Tivemos uma discussão muito forte na tarde do dia em que jogaríamos com o Atlético-MG.
Lembro como se fosse hoje. Ele, seu procurador (Sandro Becker) e eu, na sala da Vice-Presidência de Futebol.
Quando ele me disse que eu era como todo o dirigente e queria passar os atletas para trás, fiz com que se retirasse da sala e disse que só voltaria a falar com seu procurador no dia em que pedisse desculpas. Mas que este pedido de desculpas não seria aceito naquele dia.
O treinador do Atlético-MG era o Parreira.
O Lúcio fez um grande jogo e eu não queria estar na pele dos atacantes do Atlético...
Passamos diversas rodadas sem conversar. Eu sempre estive muito perto do grupo, viajando, fazendo refeições, participando de palestras e dos preparativos pré-jogo. Mas quando cruzava com o Lúcio, não falava com ele.
Após uma vitória no Beira-Rio, me avisaram que o Lúcio queria falar comigo.
Era o pedido de desculpas.
No dia seguinte acertamos o reajuste e... a prorrogação do contrato.
Isto viabilizou sua venda por U$ 9.200.000,00 (valores expressivos para o ano 2000 - e até para hoje).
Em próxima postagem vou contar a história da negociação.
Fernando Miranda
A primeira notícia que tivemos dele foi na Copa São Paulo de 1997, nesta época eu era diretor de futebol.
No jogo da Copa do Brasil, em Brasília ele foi bem, apesar da goleada que o Internacional fez na sua equipe.
O Ibsen Pinheiro e o Fernando Carvalho gostaram de sua atuação e ele foi contratado.
Então foi uma contratação do "Fernando Carvalho". Costumo dizer que as que aconteceram em 2000 e 2001 (Nilmar, para ficar em 1 exemplo) foram contratações do S.C. Internacional.
Quando assumimos , em 2000, o Lucio era reserva...do Anderson.
Não lembro exatamente do seu salário, mas lembro que era um valor pequeno para os padrões do restante do grupo.
Durante a pré-temporada, em Caldas da Imperatriz-SC, acertei com ele um pequeno aumento e uma prorrogação do contrato por 6 meses. Começávamos ali a ter preocupação com os contratos, que sabíamos a partir de 2001 seriam regidos pela LEI PELÉ.
Ele, em seguida passou a ser titular e foi convocado para a Seleção.
Acenei com novo reajuste, mas exigia a prorrogação do contrato por mais um ano, que se não me engano, extenderia o contrato até final de 2002.
Tivemos uma discussão muito forte na tarde do dia em que jogaríamos com o Atlético-MG.
Lembro como se fosse hoje. Ele, seu procurador (Sandro Becker) e eu, na sala da Vice-Presidência de Futebol.
Quando ele me disse que eu era como todo o dirigente e queria passar os atletas para trás, fiz com que se retirasse da sala e disse que só voltaria a falar com seu procurador no dia em que pedisse desculpas. Mas que este pedido de desculpas não seria aceito naquele dia.
O treinador do Atlético-MG era o Parreira.
O Lúcio fez um grande jogo e eu não queria estar na pele dos atacantes do Atlético...
Passamos diversas rodadas sem conversar. Eu sempre estive muito perto do grupo, viajando, fazendo refeições, participando de palestras e dos preparativos pré-jogo. Mas quando cruzava com o Lúcio, não falava com ele.
Após uma vitória no Beira-Rio, me avisaram que o Lúcio queria falar comigo.
Era o pedido de desculpas.
No dia seguinte acertamos o reajuste e... a prorrogação do contrato.
Isto viabilizou sua venda por U$ 9.200.000,00 (valores expressivos para o ano 2000 - e até para hoje).
Em próxima postagem vou contar a história da negociação.
Fernando Miranda
sexta-feira, 4 de março de 2011
FUTSAL
No final de 2000 as dificuldades financeiras eram enormes.
Não tínhamos inventado nenhuma dificuldade adicional como demolir parte do estádio para depois resolver como buscaríamos os recursos e tentávamos limitar nossas dificuldades naquilo que o clube pudesse cumprir e buscar recursos para as despesas inevitáveis e investimentos estrategicamente relevantes.
Quando vi, no orçamento, uma rubrica de R$ 1.800.000 para o FUTSAL, sem nenhuma contra-partida de receita, resolvi que fecharíamos o FUTSAL.
A primeira resistência foi interna, na diretoria. Eu deixei claro que o FUTSAL não era atividade fim do clube e se não tivssemos receitas de patrocínio que, no mínimo, empatassem com a despesa, não teríamos FUTSAL em 2001.
Como não apareceram as receitas, não tivemos FUTSAL em 2001.
Enfrentei críticas de todos os lados. Internamente (como já disse), da oposição (nem se fala), da imprensa, da torcida, ...
Quando a nova diretoria assumiu, re-abriu o FUTSAL. Situações como a retratada no jornal O SUL, começaram a surgir:
Alguns meses depois, a nova diretoria decidiu: ...FECHAR O FUTSAL!!!!!
Agora com muito mais tranquilidade, sem as críticas que aconteceram em 2000. Especialmente porque alguns integrantes da (agora) oposição sentiam-se constrangidos em falar no acerto que foi o fechamento do FUTSAL em 2000.
Este também o motivo, na minha opinião, da (agora) oposição não trazer este assunto para debate nos diversos episódios eleitorais.
Fernando Miranda
Não tínhamos inventado nenhuma dificuldade adicional como demolir parte do estádio para depois resolver como buscaríamos os recursos e tentávamos limitar nossas dificuldades naquilo que o clube pudesse cumprir e buscar recursos para as despesas inevitáveis e investimentos estrategicamente relevantes.
Quando vi, no orçamento, uma rubrica de R$ 1.800.000 para o FUTSAL, sem nenhuma contra-partida de receita, resolvi que fecharíamos o FUTSAL.
A primeira resistência foi interna, na diretoria. Eu deixei claro que o FUTSAL não era atividade fim do clube e se não tivssemos receitas de patrocínio que, no mínimo, empatassem com a despesa, não teríamos FUTSAL em 2001.
Como não apareceram as receitas, não tivemos FUTSAL em 2001.
Enfrentei críticas de todos os lados. Internamente (como já disse), da oposição (nem se fala), da imprensa, da torcida, ...
Quando a nova diretoria assumiu, re-abriu o FUTSAL. Situações como a retratada no jornal O SUL, começaram a surgir:
Alguns meses depois, a nova diretoria decidiu: ...FECHAR O FUTSAL!!!!!
Agora com muito mais tranquilidade, sem as críticas que aconteceram em 2000. Especialmente porque alguns integrantes da (agora) oposição sentiam-se constrangidos em falar no acerto que foi o fechamento do FUTSAL em 2000.
Este também o motivo, na minha opinião, da (agora) oposição não trazer este assunto para debate nos diversos episódios eleitorais.
Fernando Miranda
quarta-feira, 2 de março de 2011
Mano Menezes
Em 2000, quando assumi como Vice-Presidente de Futebol, recebi um telefonema de alguém chamado Mano Menezes, dizendo ser treinador de futebol e que conhecendo o trabalho que estávamos começando, gostaria de trabalhar conosco.
Confesso que não conhecia o Mano. Pedi que me enviasse um currículo, mas que não me ligasse mais. Que endereçasse o currículo à Vice-Presidência de futebol, para mim.
Quando examinei o material enviado, pedi ao Prof. Medina que incluísse o nome do Mano entre os profissionais que selecionaríamos para trabalhar como treinador do juvenil.
Cabe explicar que a entrevista para treinador seguia um roteiro que montamos (eu e Medina) e que serviu de critério para as escolhas que fizemos.
O Mano deu um show na entrevista.
Quando conversamos com ele e (até um pouco constrangidos) explicamos que a vaga que tínhamos era para o juvenil, ouvimos dele que já havia dito que queria trabalhar conosco. Não importava a categoria, nem mesmo a remuneração, pois ele tinha convicção que esta fase seria importante na sua carreira.
Em 2000 ele fez um excelente trabalho, fortemente alinhado com nossa filosofia de trabalho.
Durante o ano de 2001, não tivemos dúvidas quando decidimos promovê-lo à categoria junior.
Evidentemente que a afinidade com a nossa filosofia de trabalho era e continua sendo o que mais me entusiasma e faz com que vibre com o sucesso do Mano Menezes. Mas jamais esquecerei a convicção com a qual ele defendeu a contratação de um atleta paranaense que tinha visto junto com o nosso diretor João Antônio Pancinha Costa em um torneio no centro do País. Tamanha era a convicção e insistência deles que acabamos fazendo a contratação que contarei oportunamente. O nome do atleta era Nilmar.
Em 2002, quando saímos da gestão, ele foi dispensado. Afinal, como dizem alguns, o vestiário estava "vazio".
O restante da história do Nilmar e do Mano Menezes não precisam ser contadas aqui. Todos conhecem.
Conhecendo esta história, meu amigo Eduardo Tega caricaturizou um pouco e escreveu a matéria que está no link abaixo e vale a pena ser lida.
http://cadernodecampo.com/2009/07/03/sobre-herois-e-viloes-do-nosso-futebol/
Fernando Miranda
Confesso que não conhecia o Mano. Pedi que me enviasse um currículo, mas que não me ligasse mais. Que endereçasse o currículo à Vice-Presidência de futebol, para mim.
Quando examinei o material enviado, pedi ao Prof. Medina que incluísse o nome do Mano entre os profissionais que selecionaríamos para trabalhar como treinador do juvenil.
Cabe explicar que a entrevista para treinador seguia um roteiro que montamos (eu e Medina) e que serviu de critério para as escolhas que fizemos.
O Mano deu um show na entrevista.
Quando conversamos com ele e (até um pouco constrangidos) explicamos que a vaga que tínhamos era para o juvenil, ouvimos dele que já havia dito que queria trabalhar conosco. Não importava a categoria, nem mesmo a remuneração, pois ele tinha convicção que esta fase seria importante na sua carreira.
Em 2000 ele fez um excelente trabalho, fortemente alinhado com nossa filosofia de trabalho.
Durante o ano de 2001, não tivemos dúvidas quando decidimos promovê-lo à categoria junior.
Evidentemente que a afinidade com a nossa filosofia de trabalho era e continua sendo o que mais me entusiasma e faz com que vibre com o sucesso do Mano Menezes. Mas jamais esquecerei a convicção com a qual ele defendeu a contratação de um atleta paranaense que tinha visto junto com o nosso diretor João Antônio Pancinha Costa em um torneio no centro do País. Tamanha era a convicção e insistência deles que acabamos fazendo a contratação que contarei oportunamente. O nome do atleta era Nilmar.
Em 2002, quando saímos da gestão, ele foi dispensado. Afinal, como dizem alguns, o vestiário estava "vazio".
O restante da história do Nilmar e do Mano Menezes não precisam ser contadas aqui. Todos conhecem.
Conhecendo esta história, meu amigo Eduardo Tega caricaturizou um pouco e escreveu a matéria que está no link abaixo e vale a pena ser lida.
http://cadernodecampo.com/2009/07/03/sobre-herois-e-viloes-do-nosso-futebol/
Fernando Miranda
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