domingo, 29 de maio de 2011

Entender de Futebol x Entender o Futebol

O vídeo abaixo está publicado no site www.cadernodecampo.com, com o seguinte texto:

Há dez anos já se pensava (e se fazia!) um futebol diferente…
O conceito de Universidade do Futebol, na figura de seu idealizador o prof. João Paulo S. Medina, foi introduzido em 2000 no S.C. Internacional-RS, através de uma reformulação significativa nos seus departamentos de futebol profissional e de base, inserindo diretrizes técnicas fundamentais para a estruturação de clubes de futebol que pretendem estar sintonizados com toda a evolução científica, tecnológica e cultural que vem ocorrendo no século XXI.

As imagens foram extraídas de vídeo que produzimos no final de 2001 para deixar registrado parte do trabalho que fizemos no Departamento de Futebol. Confesso que não sabia como publicar o vídeo... agora estou aprendendo e, com o tempo, publicarei outros trechos.


O menino que abre o vídeo abaixo é o Rodrigo Possebom, hoje no Santos (vestiário vazio...)



Fernando Miranda

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O JEITO INTER 2000

Pensei bastante se escreveria sobre a aprovação das contas que acredito que ocorrerá na próxima segunda-feira.
Precisava pensar porque não quero transformar este site em local de debate político ou técnico.
Só resolvi escrever quando consegui encontrar o gancho do assunto com a história do INTER 2000.

Percebi que a tentativa de "extinção" do INTER 2000 talvez seja a tentativa de "extinguir" o jeito INTER 2000 de ir à raiz das questões (radical?), que dizem respeito ao Internacional.
Este jeito não serve para grandes acordos.
Este jeito dá trabalho.
Este jeito cria áreas de atrito.

Pensei em escrever sobre cada ponto que foi divulgado pela imprensa do relatório do Conselho Fiscal. (Não falaria sobre o resto, que tive acesso por ser conselheiro)
Mas senti uma frustração grande ao examinar o material e perceber que pouco a pouco  muito que combati, talvez esteja voltando a acontecer.

Para quebrar paradigmas, a gente tem que se aprofundar. Buscar informação. E não flexibilizar princípios. Claro que para não flexibilizar princípios é necessário tê-los...
Nunca tive prazer em discutir sobre a forma que as operações do clube eram contabilizadas. Queria de falar sobre futebol (a COISA...) que era minha grande motivação.
Mas acreditava que se o clube continuasse a ser administrado daquela forma, o futuro não era nada bom.
Comprei a briga.
Fui chamado de radical.
Adquiri inimizades.

Mas não me arrependo.
No longínquo ano de 2001, o Conselho Fiscal, presidido pelo mesmo indivíduo que o preside hoje, precisou apelar para não termos conseguido resultados de campo para ter algo a dizer em seu relatório da nossa gestão.

Rejeitar contas não significa contestar a idoneidade de alguém.
Como ter as contas aprovadas, logicamente, não é prova definitiva de idoneidade.
Algumas das operações acabam mostrando o cuidado que se teve com as coisas do clube. É ótimo que todos conheçam esta forma.

O que deve ser discutido é se a forma que as operações foram contabilizadas satisfaz o Conselho Deliberativo.
Para isto, os conselheiros deveriam, minimamente, ler os relatórios do Conselho Fiscal e da auditoria contratada pela própria diretoria.

E exigir que as correções sugeridas e informações solicitadas fossem feitas e prestadas.

De vez em quando escuto falar em "aprovar com ressalvas".
Maravilhosa esta expressão. Deve ser prima-irmã de "rejeitar com ressalvas".
Se há ressalvas, que sejam resolvidas. E as contas aprovadas.
Evidente que o clube não deve permanecer com contas não aprovadas.
O que não significa que se deva aprovar algo que não retrate corretamente a situação do clube. Ou que perdurem dúvidas a respeito de alguma informação solicitada. Seja pelo Conselho Fiscal, pelo Conselho Deliberativo, ou pela auditoria externa.

O jeito INTER 2000 pode até ser extinto (do Internacional, claro), para conforto e alívio de muitos.
Mas a história do INTER 2000 e a forma que encarei as coisas do Internacional, continuarei contando aqui.
E se achar cabível, traçando paralelos.

Fernando Miranda

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A segunda "CARTA ABERTA"

Esta a segunda CARTA ABERTA que distribuímos na mesma forma da anterior.

Confesso que ao ler este texto, logo após ter acesso ao relatório do Conselho Fiscal sobre as contas que SERÃO APROVADAS  na próxima segunda-feira, senti vontade de escrever sobre a postura do Conselho Deliberativo quando fizemos o documento abaixo e hoje. Mas vou pensar um pouco sobre isto...

Fernando Miranda

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Carta aberta ao Torcedor colorado (1)

Em 1994, teríamos eleição para 1/3 dos integrantes do Conselho Deliberativo.
O objetivo do Inter 2000 era simplesmente ter maioria neste conjunto de conselheiros que seriam eleitos.

Precisávamos divulgar o que pensávamos e fazer com que os sócios nos conhecessem.
Uma das ferramentas que adotamos foi a distribuição destas "CARTAS ABERTAS", das quais divulgo a 1ª hoje.

Alteramos o formato em relação ao folder que apresentei na semana passada, para reduzir o custo de impressão.

Estas "CARTAS ABERTAS" foram distribuídas antes dos jogos pelos integrantes do Movimento Inter 2000, que diziam acreditar no que ali estava escrito e se comprometiam com estas idéias.

Bastaram 4 "CARTAS ABERTAS" para garantirmos um acordo que nos permitisse maioria nesta primeira eleição.

Então, aí vai a primeira:


Fernando Miranda

domingo, 22 de maio de 2011

Motivações para o site Inter 2000

No site abaixo, uma apresentação das motivações para criação do site Inter 2000.
O programa (Prezi) é uma ótima alternativa para rápidas apresentações.


http://prezi.com/n4f8p2talmah/site-inter-2000/

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Primeiro folder distribuído aos sócios

Após a fundação do Inter 2000, em 1993 passamos a atuar divulgando que queríamos um caminho diferente para nosso clube.


Uma das ferramentas foi a distribuição de material em dias de jogo.


O folder abaixo é bastante sucinto. Mas mostra que fomos coerentes, quando amadurecemos o que queríamos fazer, com o a motivação que gerou nossa mobilização.


Não era nada comum um grupo de pessoas reunirem-se para pensar o clube e gerar idéias. Menos comum ainda, quando tinham pouca experiência na gestão do clube.


Mas, mesmo assim, não fizemos feio, nem no início. O que dizíamos continua sendo atual...


Abaixo o primeiro folder:




Fernando Miranda

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Insinuações maldosas (para dizer o mínimo)

Quando nos aproximamos da eleição presidencial em 2001, que seria a primeira com votação do quadro social, diversas insinuações foram feitas a respeito da "manipulação"que poderíamos fazer do quadro social.


Só vejo duas hipóteses para este tipo de insinuação:


1. Não me conhecerem; ou
2. Me julgarem pelo próprio comportamento.


Em função deste tipo de insinuação, enviei a carta abaixo ao Presidente do Conselho Deliberativo.


Claro que não deu em nada. E que ficou tudo por isto mesmo.
Mas guardo documentos como este, para não esquecer o comportamento de determinadas figurinhas.



Fernando Miranda

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Tímido x Capetinha

A matéria abaixo, que fala da disputa da posição na Seleção Brasileira entre o Nilmar e o Pato, junto com a postagem anterior, também são bons ganchos para pensarmos sobre a tese do "vestiário vazio" que o Inter 2000 teria deixado para a gestão posterior.


Alguns dos atletas que lá estavam viabilizaram economicamente os anos seguintes...


Fernando Miranda

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Nilmar

Costumo brincar dizendo que quem comprou o Nilmar foi o Sport Club INTERNACIONAL, que fica ali na Padre Cacique-891. Diferente de outros atletas que foram comprados por este ou aquele dirigente.

A verdade - como já lembrei em postagem anterior - foi que o diretor das categorias de base João Antônio insistiu muito para que tentássemos a contratação do jogador que havia sido observado pelo Mano Menezes em torneio no centro do país.

O Mano também insistiu em sua contratação e o Departamento de Futebol depois de fazer novas observações intensificou a negociação. Não tínhamos dinheiro para nada, mas negociamos para pagar em diversas vezes os (se não me engano) R$ 40.000,00 ajustados...

A matéria de veja de 2003, que reproduzo abaixo, conta o resto.




Fernando Miranda

quarta-feira, 11 de maio de 2011

X9

Em alguns momentos o futebol é muito divertido.

Muitas vezes fiz reuniões que eram para ser "sigilosas", apenas com pessoas que imaginava poder confiar, e  imediatamente a imprensa noticiava o seu teor.

A motivação para isto, geralmente, é uma "troca de favores" entre "assessores" e algum jornalista que, para exercer seu trabalho, depende da notícia. E precisa apenas fazer um pequeno elogio para este tipo de assessor e continuar recebendo informação.
Normalmente estes assessores apenas circulam em torno do poder, em busca de visibilidade, e não acrescentam nada. São os conhecidos por ASPONEs - ASSESSORES DE PORCARIA NENHUMA.

Mas as informações também vazam de outras formas...

Em certa ocasião a realização de uma reunião foi noticiada pela imprensa e apenas 3 pessoas (em quem confiava cegamente) sabiam de sua realização. Além de minha família (ela aconteceu na minha casa) e o motorista do clube que me deixara em casa.
No dia seguinte fui procurado pelo motorista, que estava muito chateado, e  disse acreditar que a reunião fora noticiada por "culpa" dele. Outro funcionário do clube havia telefonado e perguntado onde ele estava. Ele respondeu que estava indo para casa pois eu o dispensara pois teria uma reunião na minha casa.

A meu pedido, ele telefonou para o funcionário, na minha presença, e contou que eu estava contratando o zagueiro Antonio Carlos, e que estava almoçando em determinado restaurante (onde realmente iriaa almoçar com um amigo) para vender o Rockembach com os representantes de um clube espanhol.

Em poucos minutos ouvimos a notícia do Antonio Carlos no rádio. E, durante o almoço, o mesmo repórter "casualmente" foi almoçar no mesmo restaurante que eu estava...

Algumas vezes é divertido.

Fernando Miranda

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A venda dos direitos federativos de Fábio Rockembach

Para começar a falar na venda dos direitos federativos do Rockembach, pedi ao Dr. Sérgio Juchem que escrevesse algo de sua lembrança a respeito do episódio.


Não cansarei de repetir sobre a importância do Sérgio, do Gustavo Juchem e do Fernando Torres para conseguirmos encaminharmos alguns assuntos. Já falei de alguns. Falarei de outros. O Sérgio, tenho certeza, irá me ajudar a lembrar o episódio da venda do Hurtado (lembram como a torcida gritava o nome dele...Huuurtaaadooo!), que foi outra epopéia.


Abaixo o texto do meu amigo Sérgio:
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Caro Miranda,

A transação envolvendo a venda dos direitos federativos do atleta Fabio Rochemback, do Sport Club Internacional para o F C Barcelona, foi a mais importante da gestão inovadora Fernando Miranda, que permitiu a conclusão do saneamento financeiro do Clube, pois o mandato foi concluído deixando para a nova gestão apenas modesto compromisso com o Refis.

Na época, foi a transação de maior valor absoluto do futebol gaúcho, alcançando a importância total de US$ 12.500.000,00.

Como tudo que é feito com um bom planejamento, característica marcante do Fernando Miranda, a venda foi muito bem preparada desde a vinda à Porto Alegre de um representante do famoso Clube Catalão. Lembro que nos reunimos à noite, não sem antes termos dificuldade de despistar a Imprensa, no Escritório do Agente Jorge Machado, quando assinamos um Protocolo de Intenções com o Barcelona.

As negociações foram longas e profícuas, pois o documento, ainda que preliminar, estimou o valor da venda em US$ 12.500.000,00, circunstância essa que foi decisiva quando do fechamento da negociação.

Duas curiosidades daquela longa noite.

O advogado espanhol se intitulou advogado do Barcelona, mas não comprovou tal condição, como exigiu o Presidente Miranda, que o considerou então, acertadamente, apenas um advogado de Barcelona (palavras do Miranda). Por essa circunstância, o Protocolo firmado entre o Inter e o Barcelona foi assinado pelo Vice Presidente Jurídico do Inter, já que o Barcelona não estava representado por seu Presidente e nem mesmo por um advogado que comprovasse tal condição. Na verdade, a pessoa em causa era advogado do Barcelona, como se constatou posteriormente.

A outra curiosidade é que, ao fim dos trabalhos, às 3h da madrugada, quando saímos para tomar o elevador e as portas deste se abriram, o jornalista “detetive” Flávio Dal Pizzol colocou o microfone diante do Presidente Miranda para falar sobre o objeto daquela reunião.

O Barcelona, ao confirmar o interesse no negócio, propôs que as negociações finais ocorressem em lugar neutro, pois a Imprensa esportiva espanhola é tão ou mais ativa do que a nossa, sugerindo reunião em Paris. Assim foi feito.

Após o sucesso na venda dos direitos federativos do atleta Lúcio para o Bayer Leverkusen, que por sua transparência e por seu fechamento dentro de uma agência bancária de Porto Alegre, significou uma ruptura cultural e de gestão relativamente às práticas até então adotadas, a elaboração do contrato de venda não apresentou dificuldades, tendo estas ficado por conta da própria negociação.

No início da reunião no Hotel Hilton, em Paris, às 9h da manhã, o Gerente Geral do Barcelona propôs o prosseguimento das negociações oferecendo o valor de US$ 10.000.000,00, ou seja, US$ 2.500.000,00 menos do que o valor previsto no Protocolo assinado em Porto Alegre.

O Presidente Miranda e o Jorge Machado levantaram-se da mesa incontinenti, quando foram puxados por mim pelo braço para voltarem a sentar, o que felizmente fizeram. Às 12h, após 3 longas e tensas horas de reunião, nas quais defendemos com todo o denodo o Protocolo firmado em Porto Alegre, com várias interrupções para entendimentos reservados de parte a parte, conseguimos retomar o patamar de US$ 12.500.000,00.

O almoço em conjunto, leve, já transcorreu em clima mais ameno, sinalizando a concreta possibilidade de fechamento do negócio nas bases desejadas pelo Inter.

Durante a tarde, trabalhamos até às 17h, quando então tudo estava resolvido, inclusive o valor devido ao atleta, que foi integrado, em parcelas, em seu contrato com o novo Clube.

A negociação foi, em verdade, tripartite, pois além de Inter e Barcelona, participou o procurador do próprio atleta.

Houve uma grande dificuldade bem ao final, quando os Clubes tinham chegado aos seus respectivos limites em valores e demais condições e ainda faltavam US$ 100.000,00. A solução surgiu naturalmente, quando os representantes do Inter e do Barcelona se olharam e num gesto simultâneo olharam para Jorge Machado, cuja comissão foi naquele momento reduzida em US$ 100.000,00, viabilizando assim a conclusão do negócio.

Foi um dos dias e momentos mais difíceis e emocionantes da minha vida profissional e esportiva.

Porém, se assim o foi para mim, que já tinha alguma experiência profissional em contratos internacionais, para o Presidente Miranda essa emoção foi muito maior e mais intensa.

Dada a responsabilidade do mandato presidencial e considerando como se encontrava o Clube financeiramente quando assumiu o cargo, aquela negociação significou para o Presidente Miranda o coroamento de um processo de gestão que culminou com o zeramento das dívidas do Inter, iniciando um modelo de gestão que deu ao Clube o grande salto de qualidade para viabilizar as grandes conquistas internacionais que se seguiram.

São estes os aspectos que lembrei e entendi que valiam uma referência para te ajudar a lembrar de alguns detalhes.

Cordialmente,

Sergio Juchem
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Vou lembrar mais alguns tópicos e depois vou reproduzir alguns documentos e imagens que tenho comigo.


PRELIMINAR


A negociação começou bem antes. Quando me neguei a romper a palavra que havia dado ao Bayer Leverkusen e negociar o Lucio com o Barcelona. Esta atitude foi lembrada por mim em diversos momentos da negociação do Fábio, quando dizia que manteria a palavra com o Barcelona, mas se eles quisessem reabrir a negociação, pegaríamos um avião no aeroporto de Orly, que enxergávamos da sala onde estávamos reunidos para fechar negócio com um clube italiano que estava nos aguardando.


A DECISÃO DA VIAGEM À PARIS


O documento que assinamos em Porto Alegre, com o advogado "de Barcelona" precisava ser confirmado na semana seguinte, por ambas as partes. Os representantes do Barcelona entraram em contato e pediram que viajássemos para Paris, pois não queriam tumultuar o ambiente em Barcelona na véspera de algum jogo importante, com a intenção de "acertar detalhes". Queriam que o jogador viajasse conosco.


Respondemos:
  1. Que para nós os detalhes estavam acertados;
  2. Que o jogador só sairia de Porto Alegre depois de assinado o contrato;
  3. Que só viajaríamos com a concordância do jogador e com o pagamento das passagens pelo Barcelona;
O mais difícil foi a questão do Fábio não viajar. Mas sabíamos que se o levássemos juntos o poder de barganha do Barcelona ficaria aumentado e teríamos dificuldade para conseguir o melhor preço.

No final concordaram e nos enviaram as passagens em classe executiva, como havíamos exigido.

A VÉSPERA DA VIAGEM

Viajaríamos num domingo, dia que jogaríamos com o Juventude em Porto Alegre. Iríamos ao jogo e direto para o aeroporto.
Na concentração, no sábado, apanhei o documento que o Fábio declarava ter conhecimento da negociação.
Ele estava assinado apenas pelo atleta e faltava a assinatura do pai.
Recebi um telefonema do Ernani Campelo - Rádio Guaíba, que reproduziu para que eu ouvisse a declaração que o pai do atleta acabara de gravar, dizendo que não concordava com a negociação.

Imediatamente subi ao quarto do Fábio e devolvi o documento (que sabia ser dispensável) e disse que cancelaria a viagem do dia seguinte, caso o pai dele não estivesse no dia seguinte às 9:00h no meu escritório para levar o documento assinado. Não para conversar. Apenas para entregar o documento.
Cheguei no escritório 8:30, temendo que ele não aparecesse. 9:00h ele chegou, entregou o documento, apertei sua mão e mantive a viagem.

REUNIÃO CANCELADA EM PARIS

Chegamos no final da manhã ao hotel e nossa reunião estava marcada para 19:00h.
Pouco antes fui para o quarto colocar uma gravata (orientação do Sérgio, contra minha vontade...) e o Sr. Machado foi me procurar dizendo que recebera um telefonema transferindo a reunião para 21:30h, pois os representantes do Barcelona iriam atrasar.

Imediatamente informei que a reunião não seria mais naquela noite e sim no dia seguinte, pois estava muito cansado e não me sentia em condições de negociar.

Descobri que havia um jogo amistoso (sim, na segunda à noite) entre o Paris Saint Germain e o Benfica. E rumores de que seria a estréia do Ronaldinho no Paris Saint Germain. Não podíamos perder um programão destes e...tirar umas fotografias.
Quando saímos (eu, Sérgio e o representante do jogador Mario Rossi) fomos questionados se não estávamos cansados. Não hesitei em dizer que estava cansado para negociar, não para assistir futebol.

SOBRE A NEGOCIAÇÃO

Foi um dos dias mais longos da minha vida. Em diversos momentos tive dúvida se conseguiríamos fechar o negócio. Diversas vezes saímos para ajustar a estratégia e lembro de ter ligado para Porto Alegre e pedir orientação ao Abílio Braga, pois precisaria "descontar" o contrato que previa pagamento parcelado.

O Sérgio já esgotou a história da negociação, no texto acima.

AS HORAS APÓS A NEGOCIAÇÃO

Assim que assinamos o contrato, fomos convidados para jantar com os representantes do Barcelona.
Eu disse que pediria um lanche no meu quarto. Intuia o que sentiria quando ficasse sozinho. Sabia o que representava aquele contrato que acabara de colocar na minha pasta.

Quando fechei a porta do quarto, devo ter chorado uns 30 minutos.
Quando me acalmei comecei a ligar para pessoas importantes para mim e para o clube naquele momento para relatar o que acontecera e afirmar que entregaríamos o Internacional, no final do ano numa situação MUITO diferente da que havíamos recebido.

Vou guardar economizar alguns detalhes para contar aos poucos.

O CONTRATO


Pretendia colocar aqui todo o contrato. Mas não lembrava de uma cláusula de confidencialidade, que não sei ter valor 10 anos depois. Mas para evitar problemas, vai apenas a primeira página...



Abaixo minhas anotações durante a reunião em Paris:


Comprovante depósito primeira parcela


Comprovante pagamento segunda parcela


Hotel Hilton
Em 2003 voltei à Paris e fiz questão de voltar ao Hotel para tirar algumas fotos... 
Abaixo as fotos que estão no álbum de minha família:

A sala onde negociamos

Fachada do Hotel



Fernando Miranda






domingo, 8 de maio de 2011

A venda de Fábio Rockembach

Hoje (8 de maio) completa 10 anos da venda do Fábio Rockembach para o Barcelona.
Na postagem de amanhã falarei sobre isto e mostrarei alguns documentos.


Farei a postagem amanhã à noite.


Fernando Miranda

sexta-feira, 6 de maio de 2011

3-5-2

Vou omitir personagens pois os nomes, neste caso, não são fundamentais.
Mas vou contar uma história engraçada e sobre os bastidores de uma palestra que sempre desperta o interesse de quem gosta de futebol.


Estávamos viajando para jogar fora de Porto Alegre. 
Nosso time estava desmanchado por lesões e cartões.
O treinador me chamou e disse que estava pensando em jogar no 3-5-2, apesar de não ter treinado. E usar um atleta que estava subindo do junior, que jogava como lateral esquerdo, como terceiro zagueiro e um meia experiente na função de ala esquerdo.


Confiava muito no treinador e sabia que ele estava com muita dificuldade para montar o time para aquele jogo difícil fora de casa e apoiei a iniciativa.


O treinador pediu para antecipar a palestra pois precisaria de mais tempo.


Fez uma longa palestra, focada na função do lateral que jogaria como terceiro zagueiro. Perguntou diversas vezes se ele entendia a função de terceiro zagueiro que deveria exercer. A resposta era sempre afirmativa.


No final perguntou se havia alguma dúvida e todos silenciaram.
Normalmente eu falava sobre a mobilização, mas nunca sobre questões táticas. Mas resolvi perguntar quem faria um arremesso lateral pelo lado esquerdo ofensivo.
Logo nosso "junior", que jogaria como terceiro zagueiro levantou o braço e o treinador precisou começar a explicação novamente.


Conto esta história também para chamar atenção para a importância de trabalharmos a inteligência tática dos atletas em todas as categorias.


Fernando Miranda

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Carro de som, antes do jogo, no portão 8

Durante muitos anos não admitia que o Inter jogasse no Beira-Rio e eu não estivesse presente.
Fazia tudo para que minha agenda profissional e familiar estivesse ajustada para que eu pudesse acompanhar meu time.


Meu pai gostava de assistir o jogo "atrás do gol" de nosso ataque. Eu o acompanhava.
Quando era muito jovem, nos jogos mais difíceis, ficava nas sociais entre o portão 2 e o portão 8 acompanhando a bola, para não perder nada quando atacávamos e éramos atacados.


Tinha a ilusão que todos que estavam no Beira-Rio tinham o mesmo sentimento que eu.  O mesmo desespero pelo melhor resultado para o Inter, e a disposição de fazer qualquer coisa para ajudar.


Quando assumimos o clube, assumimos um passivo de maus resultados e de dificuldades que muitos conhecem e que, para os que não conhecem, continuarei contando aqui neste espaço. Mesmo que alguns não gostem disto.


Porém também tinha a ilusão de que na hora do jogo, teríamos um momento de, juntos, tentar passar por cima das dificuldades.


Não estava chegando no futebol "de marte". Portanto sabia que bons resultados ajudariam para que tivessemos maior apoio do torcedor dentro do Beira-Rio.


Mas não esperava um carro de som tumultuando o ambiente antes dos jogos em frente ao portão 8.
Isto aconteceu! Saíamos da palestra, que realizávamos na concentração, e descíamos para o vestiário ouvindo agressões e palavras de ordem que atendiam interesses que certamente não eram do Internacional.


Não tenho NENHUMA dúvida ao dizer que preferia jogar fora de Porto Alegre e enfrentar toda uma torcida contra, mas pelo menos muitas vezes não estavam de vermelho como eu, ou com a camiseta de meu clube.


Sempre que obtivemos um bom resultado fora de casa, ficava muito mais emocionado do que quando isto ocorria no Beira-Rio, onde meu sentimento era de não falar com ninguém e de muita vontade de ir logo para minha casa.


Da origem do carro de som, mesmo que eu soubesse, nunca falei. Mesmo porque seria uma polêmica desnecessária a mais.


Mas posso garantir que nunca faria uma ação como esta, mesmo que tivesse algum benefício político.


Fernando Miranda

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Comissão do Conselho Deliberativo

Tenho falado diversas vezes no ano de 1999 e no desgaste que sofria. Com esta postagem, espero que algumas pessoas entendam um pouco mais a respeito de minhas motivações e minha indignação.

Foi criada uma Comissão do Conselho Deliberativo, da qual fiz parte para analisar algumas dúvidas existentes em relação ao ano de 1998.
Durante diversas semanas eu ia para o clube no final da tarde buscar informações.
Como a citada Comissão era integrada por representantes da situação e da oposição, foi preciso negociar o relatório que apresentaríamos para o Conselho Deliberativo.

Lembro que o assunto que gerou a maior polêmica (dentro da Comissão) eram os pagamentos não contabilizados. Alguns não queriam de forma alguma falar nisto...

Tive uma luz e sugeri a denominação "pagamentos ainda não contabilizados" que acabou colando... como se algum dia estes pagamentos pudessem ser contabilizados.

Todos os conselheiros que compareceram à reunião, tomaram conhecimento deste relatório. Eu não tinha nenhuma razão ou obrigação profissional para me insurgir. O que me movia era apenas a certeza de que o clube deveria mudar.

O relatório que transcrevo abaixo foi o que consegui.
Mas acredito que é suficiente para que se tenha uma idéia de como as coisas eram conduzidas naquela época e a razão da minha mobilização na tentativa de mudar o clube que acabou me valendo a imagem de "radical".

Mais tarde acabou sendo feita uma auditoria, da qual também tenho cópia e que, com muito maior competência, expressava a situação vigente.

Eu, particularmente, ficava bastante chateado, quando confundiam minha indignação com uma posição política. Mesmo sem ter nenhuma formação contábil, gostaria de ver meu clube recebendo um tratamento bem diferente.

Abaixo o relatório que foi apresentado ao Conselho Deliberativo.









Fernando Miranda