Este é um dos assuntos sobre os quais sou mais questionado.
E fico adiando abordá-lo, por achar que é um tópico muito importante, interessante e que merece ser escrito com calma e tempo (que geralmente não tenho...)
Provavelmente volte a falar sobre isto mais adiante e, certamente, farei alguns tópicos relatando situações pitorescas e engraçadas.
Na minha visão, embora a imprensa tenha indiscutível importância na divulgação do negócio futebol, tendo como contra-partida a excepcional "audiência" que o "assunto futebol" proporciona, na maior parte do tempo ocorre um conflito de interesses. Explico:
- À imprensa interessa vender jornal e/ou espaço nos de programas esportivos;
- Aos clubes interessa a estabilidade da instituição e a possibilidade de um trabalho de longo prazo, com começo, meio e fim;
- A estabilidade, na maior parte do tempo, não gera as melhores manchetes.
Compreender este mecanismo, possibilita a compreensão de muitos dos conflitos da imprensa com quem dirige o clube e busca sua estabilidade. E permite a criação de estratégias que busquem minimizar estes conflitos. Eliminá-los talvez seja difícil, mesmo com um exército de dirigentes alinhados com a estratégia e de um muito competente plano de comunicação.
Ao falar à imprensa, especialmente no momento mais difícil - após um resultado ruim, o dirigente precisa escolher para quem fala. Considero 3 possibildades:
- Para a torcida. Falar para a torcida é importante. Mas se você ganha é gênio. Se perde, é burro, incompetente... Não é a melhor escolha. Para a torcida você deve trabalhar para obter o resultado.
- Neste ponto, sempre achei muito engraçado quando o jornalista se farda e pergunta "em nome do torcedor". Ora bolas, você é o Presidente do Clube. Eleito na forma do estatuto. E quem fala em nome do torcedor não é você...
- Para a imprensa. Evidente que é preciso consideração com o jornalista que está ali, exercendo sua função. Especialmente quando seu comportamento é apropriado, educado e respeitoso com o cargo que você exerce. Mesmo considerando isto, é impossível não pensar no conflito de interesses que cito acima;
- Para dentro do vestiário. Esta sempre foi minha escolha. A única coisa que não nunca poderia perder é o respeito e o comando do vestiário. Algumas vezes fui perguntado sobre a possibilidade de qualificar o grupo. Nunca hesitei em responder que meu grupo era o mais qualificado do Brasil. O Presidente (eu) é que precisava buscar mais qualificação;
- Nunca confundir esta postura pública com a falta de cobrança dentro do vestiário.
Não posso falar da relação com a imprensa, sem dizer que há jornalistas aos quais respeito MUITO.
Mesmo que muitas tenham sido nossas divergências.
E quando penso nisto, não posso deixar de lembrar do Luis Carlos Rech.
NUNCA me pediu nada. NUNCA ganhou algo de mim. NUNCA me apresentou algum plano mirabolante. MUITAS vezes discutimos e divergimos. MUITAS vezes o conflito de interesses esteve presente. Mas nunca me desrespeitou. Nunca desrespeitou a presidência do clube. E por isto o respeito muito.
Cito o Rech, mas não tenho dúvida em afirmar que há muita gente séria trabalhando no jornalismo esportivo.
O contrário também é verdadeiro. Se existem maus dirigentes, maus engenheiros, é aceitável que existam maus jornalistas.
Alguns dos conflitos que aconteceram foram fruto do desrespeito à instituição.
Talvez muitos deles fruto do meu "pavio curto".
Mas, novamente, me "desculpo" por saber que para romper com alguns interesses é necessária uma firmeza que pode levar ao conflito.
É a velha história de precisar quebrar alguns ovos para fazer o omelete.
Fernando Miranda
grande L. C. Reche, esse é o grande jornalista esportivo gaúcho, sem dúvida alguma. E olha aqui ô, o que tem de jornalista mau caráter na imprensa pampeana não dá nem para contar. abraço. Portinho.
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